Brasília, enquanto cidade criativa do Design tem muito a contribuir com nosso Brasil! Eis que não somente espaço para receber os políticos do país, como muitos ainda acreditam, temos qualidade de vida e profissionais competentes e criativos!
Com intuito de esclarecer e melhor divulgar o Design e a Cidade, aproveitamos este espaço para entrevistar personalidades que estão sempre contribuindo com o desenvolvimento da atividade.
Perguntamos à Fernanda Messias, que realizou um importante relatório sobre ações e politicas públicas voltadas para o Setor de Design no Brasil, através de sua coordenação do Programa Brasileiro de Design (PBD 2001/2012);
ENTREVISTA | Fernanda Messias
_Como você vê o desenvolvimento do Design em Brasília hoje? E políticas públicas envolvendo o tema?
FM: O design no DF ganhou musculatura nos últimos anos, é notável. À época que estive no PBD, nutria o desejo de ações conjuntas aqui, mas a interlocução do setor estava se organizando. A Adegraf, a mais antiga das associações, dava seus primeiros passos, mas já despontava como uma referência nacional no diálogo com o Governo Federal. A Bienal de Design, em 2008, foi uma ação que expôs emergentes talentos da cidade, por exemplo, e abriram-se portas para novas interlocuções. Hoje, a realidade é outra. Brasília se fortalece no diálogo intra profissional e deste com o poder público e outras instâncias. Estudos importantes foram realizados no último ano, como o Diagnóstico do Design do DF (IBICT, Brasília 2060) e o Mapa Design Brasília, mas ainda há um longo caminho a trilhar. Estudos nacionais recentes, antes do título de Cidade Criativa, mostram que o DF é o estado com o maior índice de criatividade (Fecomercio, 2012) e o terceiro em participação no PIB criativo do País (Firjan, 2016). É um cenário promissor para políticas de desenvolvimento que não deve ser desprezado, mas que ainda não foi devidamente apropriado em políticas públicas.
_O que você percebe que possamos fazer sem envolver o poder público?
FM: Talvez a mais significativa seja sensibilizar a população, as entidades representativas e de apoio ao setor produtivo para uma cultura do design, como foi feito de forma contundente para a qualidade. Repare que o autofinanciamento é ainda oneroso para as empresas de design, no entanto há linhas atrativas disponíveis para financiar o empreendedorismo, a inovação e o design no âmbito nacional, regional e local. As linhas nacionais quase não são acessadas pelas empresas do DF. Isto significa que oportunidades para o desenvolvimento do setor e pelo setor aqui, ainda passam ao largo do planejamento tanto de empresas de design quanto de diferentes setores beneficiários para a inserção do design. Aparentemente, a questão esbarra na percepção do design como diferencial para o posicionamento da empresa, seja em produtos, pontos de vendas, embalagens, comunicação ou serviços. As empresas de design têm papel central para a melhoria desta percepção pelos setores e, em parceria com agentes de fomento e apoio, também para aumentá-la em toda a sociedade.
_Como você vê o título Brasília Cidade Criativa do Design, que ações considera oportunas?
FM: Entendo este título como uma oportunidade para a cidade se posicionar quanto ao seu potencial de desenvolvimento econômico, social e territorial. O DF tem limitações ambientais para o desenvolvimento industrial, bem como estamos vivendo em uma realidade pós-industrial em que este modelo já não se insere.
A competitividade produtiva da China, onde as leis ambientais e sociais são menos rigorosas, é uma realidade a ser considerada nesta equação. Não desejamos abrir mão dos direitos sociais adquiridos nem da proteção ambiental. Neste cenário, a criatividade, de caráter intangível e alto valor agregado, é mais do que indicada, especialmente para o DF, onde a reconhecida criatividade do povo brasileiro converge de forma especial e se reúne todo o potencial cultural nacional. Se comparada a outras capitais do País, em nossa cidade nova se vê uma população de mente aberta a inovação e a cultura. A agenda cultural no DF é digna de nota pela qualidade e quantidade e, ainda, é desorganizada. Nenhum outro local do País reúne tantas diferentes culturas brasileiras como o DF, além de sua arquitetura e urbanismo únicos, que atraem a curiosidade de profissionais e turistas de todo o mundo. Há que observar todos esses aspectos únicos, sejam limitações ou potenciais, para o pensamento sistêmico do planejamento no DF: um celeiro potencial de soluções para um País megadiverso em população, produção, culturas e biomas. O que se faz aqui reverbera em progressão geométrica para o resto País e também o mundo. É hora de inovar criativamente em soluções urbanas, econômicas, sociais e ambientais e reconhecer o valor único da cultura do nosso País.
É chegada a hora de o DF assumir o seu papel de capital da Nação, se apropriar e irradiar conhecimento, criatividade e design a todo o País”.
Atualmente, as associações de profissionais de Design do DF (Adegraf/Abradi/Adepro) estão elaborando um documento/relatório com propostas para o design do Distrito Federal. Esse documento será entregue para a equipe de transição do GDF, para os deputados e senadores eleitos, e para algumas empresas e instituições do Distrito Federal.
Esperamos que esse material possa contribuir para o alinhamento de futuras políticas públicas para o Design e a Economia Criativa da região. Acreditamos no Design como instrumento de desenvolvimento econômico, social e ambiental. Juntos, somos mais fortes!
REFERÊNCIAS:
Messias, Fernanda Bocorny
PBD – Programa Brasileiro do Design e Desenvolvimento Sustentável para a Indústria: 2001-2012: https://drive.google.com/file/d/1fR-MrlMp_UqW3mGA3Ke4TSD1P3pFcpWR/view?usp=drivesdk
ACONTECENDO:
Projeto Brasília Design | 27/11/2018
Coordenado pela ABRADI – Associação Brasiliense de Designers de interiores em parceria com a MB Ambientes, apresenta a Designer Brasiliense Carol Nemoto, seu processo criativo e sua marca MIWA, com projetos nos segmentos de Design de Moda e de Superfícies. Informações: loja@mbambientes.com.br