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Fenomenologia e Design


Na busca por um tema para contribuir com mais um texto para o blog, uma assunto caiu no meu colo e não pude me desviar dele. Fui assistir a fantástica palestra de Paul Van Dijk, sobre:  A forma oculta da água, onde ele apresentava sua pesquisa e projetos em Flowform. Paul é um artista, designer, estudioso e professor da Fenomenologia de Goethe ou Goetheanismo, um assunto que me arrebatou a alguns anos atrás e o aprofundamento neste estudo tem mudado completamente a minha forma de ver o mundo e o design. É claro não poderia deixar de falar aqui sobre este tema. 

Os desafios do dia a dia, a busca pelo projeto inovador, entender o cliente, cuidar da empresa, pagar  impostos, equilibrar as contas, a profissão até hoje não reconhecida, conciliar o trabalho com a família… enfim todas as dificuldade que passei para estar no mundo me afastaram da minha essência, e com tantas pedras no caminho perdi e duvidei da minha maior riqueza, a confiança na minha criação.  A minha crise pessoal me fez olhar também para a crise no mundo, o que quero para mim? o que quero dar para o mundo? 

Observando nossa sociedade percebo que cada dia mais carecemos de oportunidades de experiências e contato real com o mundo e qualidade em nos processos criativos. Nossos projetos, estão cada vez mais distantes dos ciclos naturais, nossas escolhas nos afastam da nossa real potência de transformação do/para o mundo. 

Tantas questões existenciais me fizeram olhar novamente para o design, mas desta vez com interesse em entender criticamente o design como uma forma de pensar que se confronta com os problemas do nosso tempo, mesclando, interagindo com novas formas de pensar, de experienciar e de viver. O Goetheanismo chegou a mim mostrando um caminho de desenvolvimento para a auto-responsabilidade e para a busca da minha essência criativa. 

Mas o que é Goetheanismo afinal?  Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832) ficou conhecido mundialmente por suas obras literárias classificadas como românticas dentre elas as mais conhecidas: Os Sofrimentos do Jovem Whether e Fausto, mas também desenvolveu um extenso trabalho científico nas mais diversas áreas como como a óptica, a geologia, a mineralogia, a botânica e a zoologia e também desenvolveu a conhecida Teoria das cores. Por causa de sua personalidade e pela insistente, e por vezes questionável conduta em refutar a teoria das cores de Newton, Goethe foi rechaçado do meio científico. Em 1882 Rudolf Steiner, com então 21 anos, foi convidado para catalogar toda a obra de Goethe e a partir desse mergulho, escreveu duas teses e terminou por sistematizar o que ele mais tarde chamaria de “Método Cognitivo de Goethe” e que foi também um dos pilares para a fundação do pensamento Antroposófico (Antroposofia – conhecimento do ser humano).  Mais tarde os estudos da Psicologia da Gestalt retomam as pesquisas neste campo, validando definitivamente a Teoria das cores de Goethe, estudo este que fundamenta os uso de cores no Design, até os dias atuais.   

A fenomenologia é considerada como um importante e influente movimento na filosofia européia no século XX. A abordagem fenomenológica nos convida a desenvolver habilidades para observar e se aproximar dos objetos por meio de aproximação, observação e até mesmo identificação, porém se conectando também com a própria consciência. Goethe trabalhou com dois conceitos básicos: arquétipo e metamorfose. São estes arquétipos ou idéias universais que conferem coerência à natureza. É a metamorfose desses princípios espirituais que produz a enorme variedade das formas individuais encontradas no mundo. Essa abordagem apresenta duas direções: o observador aprofundando suas habilidades de compreender e o objeto revelando seu significado mais profundo.

E como o Goetheanismo pode contribuir para o Design? Como caminho metodológico para aproximação da natureza, do equilíbrio, da essência, da forma. Na verdade o Design já se alimenta dessa aproximação e isso não é novidade, no Design Gráfico, por exemplo, o número de ouro, ou Golden Ratio, é talvez o mais amplamente conhecido exemplo da observação e aplicação desta observação do homem na arte e no design. A Biomimética e a biônica são abordagens científica onde o design encontrou espaço e que buscam entender os elementos, funções e estratégias da natureza e utilizá-las como soluções projetuais.  Mas o que me faz apostar no Goetheanismo é que, este é também, um caminho de aprofundamento humano. Para mim mergulhar no universo do pensamento de Goethe é mergulhar em um mar de possibilidades criativas, inovadoras e éticas, um caminho para o bom, o belo, o verdadeiro.

Se você se interessa em conhecer um pouco mais sobre o assunto, ainda existe a possibilidade de fazer o imperdível curso com Paul Van Dijk, no Sitio Nós na Teia. nos dias 13 e 14 de julho. Confira no site: https://pvdembrasilia.home.blog/

O Flowform é um case de sucesso deste estudo profundo e humano. Um trabalho que aquece meu coração e me deixa confiante de que podemos sim desenhar um mundo melhor, confira no site http://flowform.net/#whatis.  

Sou Angélica Lira, mãe do Guido e da Letícia, Designer Gráfica autônoma, formada na UnB, com Pós graduação em Design Estratégico no IED/IESB e também com formação em Pedagogia Waldorf pela 4º turma do curso de Formação em Pedagogia Waldorf de Brasília, apaixonada e estudiosa da Antroposofia.

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